não sei se
existem leituras de Verão.
O tempo é
mais longo, diz-se, e propicio a leituras…
Lê-se na
praia? Na esplanada? À sombra de uma árvore?
Ler é bom e
faz bem à saúde – costumo dizer isto aos meus alunos.
Neste tempo
de Verão li livros muito interessantes.
Livros de
mulheres escritoras e que, de uma forma ou de outra, neles debatem a condição
da MULHER em diferentes partes do Mundo e em diferentes culturas.
Recomendo-te
a leitura de: «A COISA À VOLTA DO TEU PESCOÇO» da escritora Nigeriana, Chimamanda
Ngozi Adichie.
É um livro
de contos e em cada um deles há uma mulher com um dilema ou em conflito com a
família ou com costumes da sua cultura de origem e ou mesmo com a cultura do
país onde se encontra.
E
Chimamanda, através da sua escrita, luta contra a «verdade única», a imposição
de uma visão única do mundo…como único caminho a seguir.
Outro livro
que deves gostar de ler, da escritora Siri Hustvedt: « VERÃO SEM HOMENS».
O título já
é por si provocador…
Nele a
escritora faz uma reflexão sobre o casamento, a rotura, o envelhecimento e a
solidão. Embora a temática seja dolorosa a sua escrita tem uma leveza que nos
comove e um sentido de humor que nos faz rir.
O terceiro
livro é da escritora Rosa Montero: « A RIDÍCULA IDEIA DE NÃO VOLTAR A VER-TE».
Neste livro há uma viagem pela dor da perda irreparável – a morte de alguém a
quem amamos. Há a evocação da perda sofrida pela própria escritora associada à
vida de Marie Curie: a sua vida dura enquanto mulher de ciência num mundo
tradicionalmente masculino, com as suas dores, amores e perdas.
Os três
livros narram vidas de mulheres no seu contexto cultural, social e familiar.
Neles encontramos muito de todas nós, dos nossos sonhos e expectativas e das
lutas travadas e a travar num mundo que não mudou assim tanto…
«…de
repente, tive pena de todos nós, seres humanos, como se tivesse sido
transportada subitamente para o céu e, como um omnisciente narrador num romance
do século xix, contemplasse lá de cima o espectáculo da humanidade imperfeita a
desejar que as coisas fossem diferentes, não completamente diferentes, apenas o
suficiente para nos poupar um pouco de dor aqui e ali. Era um desejo modesto,
não uma fantasia útopica, apenas o desejo de uma narradora sã de espírito que
abana a cabeça ruiva com as suas madeixas grisalhas e lamenta profundamente,
lamenta porque está certo lamentar as infindáveis repetições de maldade e
violência e mesquinhez e dor. »
In « Verão sem Homens»
Vale a pena
ler.
Até breve