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Saturday, January 31, 2015


1000!

1000 visitas!

1000 leituras!

Passinho a passinho, cá vamos nós nesta aventura! Obrigado a este número redondinho e a quem tem lido as nossas palavras!


*Imagem de instagme,com, encontrado no Pinterest

Depois da tempestade...




...sim, minha Inês, um livro salva-nos. Depois de um dia de escuridão nada como abrir as páginas de um livro e viajar por ele deixado-nos levar para o seu mundo. Outro mundo, outras paragens, outras gentes e
sempre uma renovada descoberta.

Escolheste bem.
Creio que é a segunda incursão ( A Noite Roda, o seu primeiro livro de ficção?) da Alexandra Lucas Coelho no romance - jornalista de garra e com livros já publicados com as suas reportagens do Afeganistão, México, Brasil; lugares de conflitos extremos e de guerras sangrentas, onde mantém uma escrita crua e sem artifícios.
E já reparaste que neste romance - O Meu Amante de Domingo - a personagem feminina tem a cabeça cheia de livros?
Vale bem a pena lê-lo.
Boa escolha.
( E é um livro da Tinta da China, com a seu design de capa único, bom ao toque e ao olhar.)

...e o sol hoje voltou, luminoso e aconchegante. O dia negro já passou.


E ainda hoje...





... num sábado de sol à beira rio com uma exposição mesmo ao lado.
Diz respeito a todos. Nós. Habitantes deste planeta único e de cor azul - diz quem o viu de longe.
Chama-se:

7 MIL MILHÕES DE OUTROS

No Museu da Elecrticidade.
E é um projecto da Fundação GoodPlanet

...os nossos sonhos, as lembranças de infância, o amor, o ser português.
Tão diversos e tão iguais. Irresistível.
Senti-me irmã, amiga, companheira. Ri e...comovi-me.
O nosso mundo é maravilhoso.

Até breve.

Friday, January 30, 2015

Livro em Riste



Nada como, numa noite de chuva que encerra um dia para esquecer, enfrentar as sombras de livro em riste e coração aberto à luz que prevalece.

Inês
Lx, 01:33am, 31-1-2015

Sunday, January 25, 2015

Da tua janela vê-se o rio



Uma luz maravilhosa inunda a tua sala nesta tarde de sábado.
E da tua janela vejo o rio, os barcos e todo o movimento que nele habita, nesta tarde cheia de sol e da luz de Lisboa.
No tapete a bebė brinca tirando os brinquedos da sua caixinha, sob o meu olhar de avó.
Tu, nas tuas aulas de teatro, professora inicial de uma matéria que te encanta.
Eu, avó encantada, olho para ela, menina nascente, mulher que se adivinha...
Cúmplices, trocamos sons e sorrisos, conto histórias dos livros com imagens gigantes!
Que memórias lhe ficarão destas tardes a duas?

E penso:

Lá fora a hostilidade existe, real, avassaladora:
Meninas na Jihad dispostas a morrer por Allah...
Uma mulher que morre às mãos do marido - a primeira morte de 2015.
A violência, sempre ela. Sobre as mulheres ou muito mais sobre elas...
Temos que nos reforçar, ser fortes, aprender, ler, conhecer, criar estruturas, para vencer neste mundo difícil.

Olho para ti e para o teu sorriso fresco, limpo, quase gorjeio de pássaro, e penso em ti mulher feita.

Vou ensinar-te a ser grande, podes crer - sou a tua avó! Não desisto facilmente, mulher mais pequenina da nossa vida.
Vais aprender a olhar o Mundo imperfeito em que vivemos e que tem coisas maravilhosas.
Vou acompanhar a tua caminhada e vamos ver e sentir o melhor da vida.
Temos mil livros para desfolhar, canetas e lápis para pintarmos a cores vivas este mundo novo que estás a descobrir.

O teu sorriso ilumina esta sala com o rio por fundo.

E, quase ao entardecer, um barco de cruzeiro inunda a paisagem, enche por completo a janela com as suas luzes...

E la nave va!

(....sim, também vamos ver filmes e falar dos filmes "da vida da avó!)

E como já temos alguém a ler-nos - amigos, família - vou deixar aqui um apelo, um pedido de atenção para um site que dá apoio a crianças e jovens e que me tocou profundamente. 
Ora vejam lá: http/:www.preenchaestavida.com/


Até breve.

Wednesday, January 21, 2015

Dos dias de chuva II

....e eu, logo pela manhã, entrei numa fila de trânsito que me levou, com toda a lentidão,para onde eu queria. E a chuva acompanhava o ritmo...
Também gostaria de aproveitar para " pôr a cabeça em dia", como tu.

Daqui a um par de meses estarei numa ilha africana e tenho, até lá, muito para fazer; planear, encontrar ideias em mim para pôr em prática, lá, nessa ilha. E tal como tu, tenho a cabeça a fervilhar de assuntos.

Duas mulheres com pensamentos cruzados,numa manhã de chuva.

E já viste que o sol rompeu das nuvens?



Até breve.

Tuesday, January 20, 2015

Dos dias de chuva



Estamos por cá, a saborear ideias e a escrever linhas de pensamento...

Eu, em casa num dia de chuva a preprar os últimos trabalhos para o mestrado. Cabeça a fervilhar! Tanto para ler, escrever, reescrever, pensar!

Aproveitar a chuva lá fora e o sono dela para pôr a cabeça em dia.

Até já

Inês

Friday, January 16, 2015

A Magia das Descobertas


Uma caixinha de tesouros, minha linda. Ela irá lembrar-se sempre dela...
A maravilha da descoberta; a magia dos objectos, os sons, tudo novo.
E os livros?
Vejo-a a abri-los, a olhar as imagens coloridas, a passar os dedos pelas texturas. Outra descoberta. Maravilhosa.
O cheiro dos livros, as páginas que se abrem para um mundo novo. Mil sensações novas para ela.

....e tudo isto me remete para uma notícia sobre os jovens que terminam o secundário e não vão para a faculdade. Ficam pelo caminho argumentando o desemprego...
Os estudiosos deste fenómeno argumentam que um dos motivos para este desapego aos estudos é a falta de leitura de livros e jornais, quer pelos jovens, quer pela família.

Na realidade a leitura é um hábito que deve ter início muito cedo; o contacto com os livros, escutar histórias, ler contos, ir descobrindo o prazer da leitura, - exige tempo, gosto, partilha, trabalho! - criar a necessidade de ler. Quem apanha " o bichinho" não se liberta mais dele.
A família seria o lugar privilegiado para essa influência, mas com os milhares de condicionalismos impostos por um dia a dia nem sempre fácil, compete à escola essa tarefa.
A leitura, as pequenas bibliotecas, as práticas diversas da escrita criativa, tantas coisas ao redor de um livro...
Os novos suportes de leitura são rápidos, imediatos, resumidos, facilitadores.
Mas um livro será sempre um livro, e essa magia permanecerá.

....e é sempre mais difícil dominar, enganar, quem tem sentido crítico, conhecimentos, cultura.

E a caixinha da Isabel remeteu-me para esta viagem. E eu sei que ela vai adorar ler, como a sua mãe, até porque quando se gosta mesmo é muito mais fácil passar o testemunho para os filhos.

Os livros são uma viagem sem fim, sempre renovada, sempre única.

   E para terminar com o tema digo-te que estou a ler " O Pintassilgo" - que é um empréstimo teu- e que me está a agarrar fortemente. Tem 893 páginas! Depois falamos sobre o livro.

Até breve

Wednesday, January 14, 2015

A caixinha dela



Ela tem uma caixinha.

É quadrada, numa cor clara às risquinhas esverdeadas. É aberta em cima.

Esta caixinha é onde estão guardados os brinquedos dela. Não são muitos e a sua maioria são peluches que eram meus de quando era criança. Se virmos bem, o tempo que nos separa não é assim tanto.

À caixinha fazem companhia um piano de bichinhos e duas cobras de lã feitas pela Avó Isabel.

Mas, esta caixinha, na verdade, não é só um simples lugar onde guardar os bonecos ao fim do dia. 

Esta caixinha é, na verdade, um universo repleto de aventuras! Como ela ama aquele lugar de onde surgem tantos amigos para brincar! Como ela sempre que toca com as pernas no chão, do colo para ficar sentada, rapidamente sorri e avança com as duas mãos, pendurando-se na caixinha e espreitando lá para dentro, para os novos mundos desse dia!

Num momento, vejo-a a agarrar a caixa com uma mão enquanto a outra procura e remexe lá para dentro, encontrando os seus bonecos e tirando-os cá para fora, no momento seguinte, quando já me distrai com alguma outra coisa, ouço-a a cantarolar e o único que vejo é um rabiosque espetado para o ar enquanto o resto do corpo está totalmente enfiado na caixa, a palrar lá para dentro e a rir-se. Todos os dias é assim. Enquanto escrevo, ela está ali, à volta da sua caixinha. Feliz.

E o que sinto quando a vejo assim é uma profunda felicidade. É imensurável vê-la assim, tão curiosa, tão feliz, tão cheia de vida. Como ela é bonita e como ela me faz ver como é bonito o mundo. Como ela me faz (re)descobrir o universo nos detalhes mais pequeninos. Como amo uma caixinha provocar-lhe tantas brincadeiras, tantos gritinhos de felicidade, tanto cantarolar. O sorriso que se desenha na minha cara quando a vejo, e quando me lembro, é enorme, maior que tudo. E é por isso que escrevo sobre ela e a sua caixinha. Escrevo para não me esquecer desse momento em que a vejo tão ela, cada vez mais ela, e em que me sinto tão dela. Escrevo para não me esquecer. Dela e a sua caixinha.


Inês
Lisboa, Janeiro de 2015

Sunday, January 11, 2015

Sobre a Violência: Resposta

...sim, tens toda a razão, Inês.
A violência tornou-se gratuita e banal, coabitando connosco dia a dia, hora a hora.
Tens razão: como conviver com tudo isto em simultâneo com a formação de uma criança?

Hoje tudo passa pelos Media, que são omnipresentes, sobretudo quando o assunto resulta em imagens de forte impacto e carregados de...violência. Imagens que vão ser repetidas até à exaustão. E com a agravante de que hoje ficam eternizadas na internet e estarão sempre à disposição de um click.
Creio que tens hoje uma tarefa mais dura e difícil da que eu tive 20 anos atrás, quando começavas a olhar e a absorver o mundo que te rodeava...o Mundo, então, era outro, embora já se adivinhasse o caminho que seguiria.

Mas, olhando para tudo o que aconteceu durante a semana negra que passou, a criatividade esteve presente de uma forma muito especial.

As capas dos jornais de todo o Mundo são autênticas obras de arte, o que nos leva a pensar que é possível fugir a imagens grotescas e carregadas de violência.
Sim, é possível.

Tu, as jovens mães da tua geração, têm grandes desafios pela frente para conseguirem educar e formar crianças de mente sã… mas tenho andado a «viajar» neste novo mundo da «blogolandia», e vejo que a preocupação está presente e que querem um mundo novo e limpo para os filhos. Há um movimento geral sobre o assunto e uma atenção muito particular que se reflecte em estar atento ao dia a dia das crianças e em oferecer-lhes ferramentas saudáveis para o seu  crescimento…

Tenho muita esperança.


Até breve

Saturday, January 10, 2015

Sobre a Violência

Convivemos com o terror diariamente.

Não vamos ser inocentes ao ponto de achar que isto é algo novo. A humanidade cresceu sobre a violência, olhemos para o nosso passado. No entanto, houve algo que mudou, o desejo vivo e claro de que termine essa violenta forma de afirmação do eu (seja uma pessoa, um povo, um estado, uma nação.

Mas, por outro lado, convivendo lado-a-lado, quase imperceptivelmente, ou porque não queremos admitir a nós mesmos, já paira uma certa indiferença. Clarifico, não acuso de que a morte violenta e a violência que subjuga as pessoas não sejam algo que nos afecte, mas o que acontece é tanto, que já não temos a capacidade de assimilar tudo o que acontece a base diaria.

Esta semana foi marcada pelo ataque ao jornal Charlie Hebdo em Paris. Todos sabemos o que aconteceu. Todos temos uma opinião. De repente todos somos Charlie. Todos partilhamos dum sentimento de horror e indignação perante a forma brutal como dois homens mataram doze jornalistas e cartoonistas, motivados pelo trabalho que estes realizavam, o cartoon satírico.

Uma vez mais, agora secundarizando um pouco este ataque, ao mesmo tempo que nos sentimos horrorizados com essa brutalidade, existe uma avidez de consumo das imagens com as quais somos bombardeados a toda a hora através da televisão, periódicos, internet. Quantas vezes vimos o polícia Ahmed a ser morto a tiro caído no chão? E quando foi o enforcamento de Saddam Hussein em 2006 (uma simples pesquisa no Google e temos à nossa disposição todo um leque de, não só de notícias, de fotografias e vídeos do momento)? Quantas vezes vimos as vítimas do 9/11 a saltar das torres?  E a fotografia do muro que caiu sobre os estudantes no Minho? E tantas outras que nos chegam da Síria, Irão, Iraque…? Tenho 23 anos. Façamos as contas. Estas imagens fazem parte do meu imaginário.

Ontem, com a minha filha ao colo, queria ver as notícias relativas ao cerco aos terroristas e foi uma valente jigajoga de zapping porque, se eu não quero ver essa violência, muito menos quero que isso faça parte do inconsciente/consciente em formação da minha filha.

Não pretendo com isto negar-lhe, ou a qualquer criança em construção como indivíduo, a realidade do mundo. Tal como disse, é a realidade. Mas isso não passa pelo acto de, através um ecrã ou papel (com todo o distanciamento que isso implica) ver violência.

Há uma clara banalização da violência. Somos constantemente impingidos com imagens de corpos desfeitos, marcas de sangue, mortes em directo, execuções filmadas. Este é o jornalismo de hoje. Este é o mundo em que vivemos, em que nos tornamos consumidores de violência real. O passo que faltava dar para um verdadeiro reality-show ou retornar ao Coliseu de Roma.

Pensemos na família das vítimas. Diariamente atormentadas com o último momento do filho, marido, irmão, irmã. Diariamente a ser invadidas com uma imagem que se tornou de todos. Em que o pessoal se tornou público. Da forma mais horrenda possível.

Agora o contra-argumento: a violência existe e não podemos fingir o contrário. Sim, é verdade. Mas há limites. A informação não precisa de ser gráfica e explícita para transmitir conteúdo e o consumo diário da violência não leva a uma  maior conscientização do facto, senão à sua banalização. Quase como a história de Pedro e o lobo.  E isto, para mim, ultrapassa a questão da liberdade de expressão. 

Isto é uma questão de ética no jornalismo, que neste momento, não existe, tendo sido ultrapassada pela lei do vale-tudo. O exemplo mais claro é o Correio da Manhã, o culminar do sensacionalismo e do não-jornalismo, onde se dão ao trabalho, quando há falta de imagens reais do acto violento, de fotografar reproduções do momento, com actores. Acho que é clara a necessidade por detrás disto.

Isto preocupa-me. Preocupa-me o mundo em que vivemos e preocupa-me o mundo que estamos a construir, num caminhar cada vez mais rápido para o momento em que a violência vai deixar de ser o que é, violenta.


Lisboa, Janeiro de 2015

Thursday, January 8, 2015

Inicio II

Ainda em espírito de ano novo e pensando nas resoluções...quais?
A melhor mensagem  de todas as que recebi para este ano que começou há bocadinho, foi esta: 
- que esperas do novo ano?
- espero 365 possibilidades novas...

E, de facto, é mesmo assim- serão 365 dias de coisas novinhas em folha, todas as possibilidades em aberto... Isto dá- nos alento.
E a Inês aparece-me com esta proposta de blog a duas mãos!! Assim de repente, como se fosse fácil aparecer por aqui com escritos vindos do nada e de tudo...
Eu sou da geração da imprensa, dos livros, dos jornais, da escrita à mão, dos blocos e cadernos, das cartas e dos postais de Natal! 
Isto aqui é um mundo novo (?).
Ou será que há alguma hipótese de semelhança?!
Pensando bem, recordo o que fazia com as filhas (3) quando eram pequenas. Oferecia-lhes um caderno, um bloco, um moleskine, conforme a situação, a idade...e dava início ao tema: viagem, férias, ou...e tinham que dar continuação. Escrevíamos a duas mãos numa produção diária ou não. No final tínhamos um relato feito com humor e com as vivências de cada uma num mesmo espaço de tempo. E era divertido.
Era um blog e ainda não sabíamos. 

E só agora é que compreendo o pedido da Ines para esta escrita e neste suporte.
A aventura começou.
Bom ano.

Tuesday, January 6, 2015

O motor a arrancar: A chegada

Inês     1/01 (há 5 dias)
para Isabel
Já comecei, quando começas? Quero que seja a duas mãos, doutra forma não tem sentido!!! Escreve um texto a apresentar-te.
Já escrevi dois textos, mas quero dá-lo ao mundo como escrito a duas mãos.
www.blogumaseoutras.blogspot.pt
Bjinho!!!


Isabel   1/01 (há 5 dias)
para Inês
Muito bom!
Não é nada fácil! Mas tu conseguiste... Parabéns! Bom começo de ano.
E como é isso a " duas mãos"?!
Achas que terá algum interesse? Duas gerações? Mãe e filha?


No dia 01/01/2015, às 19:45, Inês escreveu:
Inês                 1/01 (há 5 dias)
para Isabel
Sim!!! Cada uma escreve sobre o que quer, podemos manter diálogo ou não, ainda Por cima temOs  as duas o Ponto em comum q são as viagens, podemos criar uma rubrica p falar de livros... Tanta coisa. E p mim faz muito mais sentido se formos as duas.

Sim? É para começar ja! Quero publicar um texto teu antes de continuar...


Em 01/01/2015, às 19:54, Isabel escreveu:
Isabel Amorim             1/01 (há 5 dias)
para Inês
Uma coisa deste tipo?

Sou Isabel. Já passei a barreira dos 60.
Fui professora de meninos, coordenadora de muitos projectos educativos, leitora empedernida, curiosa do mundo, dona de casa, mãe e avó. Mulher de muitos ofícios.
Não quero parar; quero olhar e sentir o mundo, participar e opinar.

Quero fazer parte de tudo isto. 

Thursday, January 1, 2015

Novos começos (e continuando outros): Ano Novo


Chegou mais um ano, novo, fresco. Não começa do zero, nunca começa. Trazemos connosco toda a nossa bagagem, do ano anterior, dos anos anteriores, da nossa vida toda. Mas é uma sensação de nova linha de partida. Não quero dizer que é uma “nova oportunidade” porque isso, de certa forma, traz-me uma sensação de que algo falhou no ano que passou e não é nada disso. Nunca o é.

É mesmo isso, uma nova linha de partida, algo fresco, uma sensação de possibilidades.

Por primeira  vez, sinto-me mais relaxada com a ideia de passagem de ano. O normal em mim é ficar muito ansiosa em construir uma lista de objectivos, “resoluções de ano novo”, metas a atingir. Desta vez não tive tempo para colocar as coisas dessa forma.

Nestes últimos dois dias fiquei um pouco deprimida a pensar que ia chegar sem objectivos, quase com a sensação de que ia atravessar este 2015 meio perdida, até que ontem me apercebi que isso, afinal, não é um problema. Aceitei o facto de que, apesar de ser bom ter ambições (que as tenho, não estou livre de vontades), este ano quero deixar as coisas acontecer. Aceitei que, para o meu normal, fazer uma lista de objectivos não é o caminho, ou porque não os cumpro, ou porque não os atinjo na totalidade, não sabendo, posteriormente, lidar com isso.

2014 foi um ano de mudança (sempre o é). Nasceu a minha filha. Filha. É uma palavra bonita que gosto de repetir mentalmente ou quando murmuro no ouvido dela o quanto gosto dela. Eu ainda com 22 anos. Com 22 anos tive a minha primeira filha e descobri nela o que há de mais bonito na vida. Consegui, por primeira vez, sair de mim e ver o mundo, e a vida, com outros olhos, com outro espírito.

2014 foi o ano em que fiz a minha primeira mudança para a nossa nova casa, o Brasil. Brasil é o nosso novo lar, a nossa nova família, o nosso novo porto seguro, de luta, de trabalho, de bem viver, de alegria. Há muito que não me sentia tão bem num sítio. Por primeira vez não estava num lugar com a cabeça noutro, a ansiar outro, a sonhar outro. Estava lá e estava bem. Foi lá que nasceu a minha filha. Foi lá que abrimos uma nova escola. Foi lá que encontrei a minha outra família.
2014 foi o ano em que consegui começar a dar-me mais valor (numas coisas, noutras, conto com 2015 para continuar o trabalho [uma resolução de ano novo?]), a ver-me mais como Mulher. Isso aconteceu no momento do parto, algo tão físico, tão animal, tão feroz e tão doce ao mesmo tempo. Aí definiu-se uma linha do que era e do que sou.

2014 foi o ano em que comecei a dar aulas: que feliz, feliz descoberta! Como gosto disso, como me sinto bem. Sinto-me mais atriz, cada aula é um exercício para mim enquanto tal, onde digiro tudo o que tenho aprendido ao longo dos anos e finalmente dou de mim, a minha perspectiva, a minha sensibilidade em relação ao teatro, ao fazer teatro. Cada aula é para mim uma aprendizagem e uma abertura nova.

E tantas coisas boas, e menos boas, e muito más.

E tanta coisa que vai acontecer, tanta transformação, coisas boas, menos boas e más, e muito boas, outra vez. Como um ciclo.

Só espero ter a capacidade de transformação que me permita estar à altura de tudo o que vem a caminho.

E continuar a ter uma filha tão feliz e bonita como ela é.

Feliz 2015!

Ferragudo, 1.1.2015