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Thursday, February 26, 2015

Já está quase...

...já está quase.

Um par de dias e vou levar-te ao aeroporto. Levar-vos!

Tenho pensado muito na vossa partida, na viagem para o outro lado da vossa vida feita diáspora. Como a de tantos outros, neste momento da nossa história portuguesa e europeia.
Já reparaste que fazes parte dos jovens licenciados e cheios de ideias mas que partem para outros lugares numa procura de estabilidade, trabalho, projectos de vida que aqui são escassos?
Tu e a tua pequena família partem para outro colo, para um lugar que vos é querido e do qual já sentem fazer parte. E onde são acolhidos num abraço caloroso - o Brasil tem sido um lugar de fraternidade e de acolhimento ao longo do tempo e em períodos difíceis na vida de muitos portugueses.
Para ti tem um sabor muito especial pois foi naquela terra grande que nasceu a tua filha e sei que ficarás eternamente ligada àquele lugar.
Como eu sei o teu sentir.
Para mim é igualmente um lugar de nascimento, uma matriz que sendo tua ( vossa ) é também minha.
A ela já estás ligada por laços de sangue e eu por laços de amor.

Já está quase e eu sei que vais partir e...voltar - é uma nova forma de estar e de viver neste mundo surpreendente que habitamos.

Até breve.

Sunday, February 22, 2015

Viajando I


[Aqui falei do meu ano 2014, da nossa primeira viagem e aquilo que nos reserva o futuro]

Preparo-me.
Faltam poucos dias.
Até ontem, estava a preparar tudo com demasiada antecedência. Chegada a tarde, apercebi-me que mal tenho tempo para fazer tudo o que tenho para deixar a casa em ordem, a vida organizada, Lisboa no sítio para quando regressarmos.

Esta é a nossa segunda ida. No ano passado a emoção era outra, a urgência era grande, o nervosismo estava bem presente. Agora, sentimos que já sabemos para o que vamos (apesar de nunca se saber), já não temos a necessidade de levar objectos da nossa casa para lá nos sentirmos em casa, a roupa foi cortada drasticamente para metade, ou menos, ou pelo menos assim o espero, os planos, os lugares a visitar, a ir por primeira vez, já não estão na lista, tendo sido trocados pelos lugares sobre os quais nos perguntamos, 'será que ainda existe?' Ou 'será que se lembram de nós?'.
Essa é a beleza dos lugares, o momento do regresso, o momento do reencontro, do reconhecimento.
Procurar aquilo que já conhecemos, as raízes que criamos e deixamos ficar para voltarmos a sentir que pertencemos, de alguma forma, a esse lugar ao qual iremos retornar.

Vamos voltar. E preparo-me. Preparo-nos. Já está quase.


*Fotografia tirada pela mãe Isabel há 11 meses atrás, enquanto esperávamos pelo nascimento da pequena bebé. Lagoa, SC.

Wednesday, February 18, 2015

ATENAS

De uma varanda sobre a Praça Syntagma em Atenas  olho e ouço as manifestações diárias do povo Grego.
Cantam. Gritam. Levantam a voz.

Vivemos tempos de rotura e de recomeços nesta velha Europa?

Fim de ciclo?


Esperemos até sexta-feira para ver…



Friday, February 13, 2015

Ainda "do vício"...

...sim,minha Inês, tendencialmente todos nós somos uns "queixinhas"- gostamos muito de estar assim-assim. Ou mais ou menos. Mesmo quando os dias são luminosos e temos tanta coisa boa para olhar e sentir.

Mas...

O mal vem ao de cima - como se diz no Norte!

As pequenas e grandes dores chegam e ficam. Em nós.

Mas podemos libertarmos do assim-assim. Devemos.

A baixa auto-estima, assunto para longas páginas ou conversas intermináveis...
Nós, mulheres, mesmo fortes e resistentes, sofremos muito desse mal. Absorvemos sofregamente os não elogios, as palavras cruas ( sobretudo as do nosso ele ), aquela palavrinha verrinosa, quer se dirija ao físico; quer ao psíquico - "gordinha aqui...tem cuidado" ou " que sabes tu disto?", " não sabes o que dizes...", e outras coisas muito mais graves. Simplesmente a forma como uma mulher as recebe é quase sempre a mesma - a auto-estima vai por aí abaixo.
É uma doença. Que se inscreve na mulher, que corrói, que faz doer...e que demora a passar.

Há um longo caminho a fazer, tal como educar os meninos e as meninas como seres que se devem respeitar. Sempre. Exigir aos meninos o que se exige às meninas - bom comportamento, civilidade, respeito pelo outro de igual para igual.
Uma educação de exigência para ambos - meninos e meninas - em casa, na escola, na publicidade, em todos os ramos e ramificações da sociedade em que vivemos.

Isto são pensamentos soltos a que cheguei levada pelo teu "vício".

E lembrei-me de um espectáculo de bailado a que assisti no domingo passado: A PERNA ESQUERDA DE TCHAIKOVSKI" .

É um bailado com uma bailarina em palco, Barbora Hruskova ,na sua despedida da dança, e o pianista Mario Laginha. O bailado gira em redor do esforço da bailarina, das suas dores, daquilo que o público entende teoricamente mas que não viveu enquanto bailarino.

Barbora dança e fala com o corpo e com os espectadores...fala da " coreografia da dor", do seu diálogo com os pés,com as mãos, com as partes do corpo que quer ver e sentir " perfeitas".
E diz ela: -...não sou uma bailarina perfeita, não tenho um corpo para a dança (!).
É um monólogo com dança e todos os presentes entendem em profundidade o sentir da bailarina. As suas dores e a sua enorme capacidade de superação.
E Mario Laginha faz um " pas de deux" inesquecível.

É um espectáculo da COMPANHIA NACIONAL DE BAILADO a não perder - no Teatro Camões até dia 15 deste mês.

...vês onde me levou o teu "Vício"? E vês como todos temos que ser coreógrafos, até na dor?
Risos para ti.


Até breve.


Monday, February 9, 2015

Hoje na Gulbenkian



Há sempre coisas boas a acontecerem ao nosso lado.
Hoje e amanhã na Gulbenkian há conversas com livros e escritores, filmes e encontros com criadores de outras artes.
Tudo isto para a infância e juventude.
Entrada livre!

Ora vejam o programa:


Friday, February 6, 2015

Do vício...


… de não se (querer) estar bem.

Há já algum tempo que quero tentar pôr isto em palavras. Já comecei várias frases na minha cabeça, mas acaba tudo num enorme nó. Mas, a verdade é que, eu tenho um vício. Tenho  o vício e de dar a ideia de que não estou bem aos outros.

Digo “dar a ideia” porque na verdade eu estou bem e feliz. Sinto-me calma, sinto que desde que fiquei grávida muito daquilo que eu via e sentia como um problema se relativizou bastante. A única grande alteração negativa que se deu nas minhas relações foi uma queda brutal no meu grau de capacidade de tolerar o outro.

Agora posso cair no perigo de me tornar algo snob, não sei, espero que não, mas sempre fui muito condescendente. Sempre tive muita paciência com os outros, mesmo quando eu não conseguia concordar em absoluto com o que essa pessoa poderia dizer ou fazer. Isso é um lado. O outro lado, que vejo do alto da minha intolerância, é que eu sempre fui bastante incapaz em enfrentar os outros. Existem pessoas que, consciente ou inconscientemente, me maltrataram bastante nos últimos tempos e eu, calmamente, aceitava. E em casa explodia de frustração, de nervoso e de raiva de mim mesma por permitir esse abuso, tudo fruto de uma grande falta de auto-estima. Os meus problemas têm todos, ou quase todos, como base essa falta de auto-estima.

O que acontece é que, no momento em que descobri que estava grávida, fez-se um click. E simplesmente aconteceu e foi adensando com o tempo, aumentando exponencialmente após o nascimento da minha filha. Comecei a limpar o que me rodeia. Assumi aquilo que me fazia mal e aqueles que me faziam mal e simplesmente cortei. Mas isto não foi consciente, não foi uma decisão tomada e levada a cabo. Aconteceu. Perdi a paciência e comecei a responder e quando não dava a lado nenhum, comecei a cortar. Noutros, simplesmente deixaram de fazer parte da minha linha de pensamento, deixei de os sentir.

No entanto, como disse, isto foi adensando. E em alguns momentos chegou a pontos um pouco exagerados, ou socialmente incorrectos apesar de estarmos certos (diz a minha intolerância). E isto foi-me afastando das pessoas. Em geral. E se antes, eu era daquelas pessoas que “chegavam bem aos sítios” (expressão do P., o meu ele), bem disposta e sorridente, tornei-me naquelas pessoas que chegam quase furtivamente e quando alguém pergunta “Então, tudo bem contigo?” eu respondo “Vai-se andando, tem dias”. É como se de repente aquilo que não gosto ou acho feito se tivesse tornado no meu discurso. Como se as pessoas só falassem para se queixar, porque há, de facto, muita gente assim, que gosta de falar de doenças, insónias, de falta de isto ou aquilo.

O que me leva a escrever isto é o facto de achar isto triste porque os meus dias são bons, quase todos luminosos, são de descoberta, passo-os com ela, a passear ou em casa, a vê-la crescer, a dar aulas, finalmente, a fazer o mestrado que está a correr bem, tenho uma escola, dois países que me acolhem, uma menina feliz, um ele bonito, uma família à italiana. Tanto, tanto e tão bom e eu neste vício.
Um dos problemas deste vício é que, no poder que a palavra tem, de tanto o repetir, a cabeça começa a sentir. E tenho que (re)aprender a dizer “Sim, estou bem”. Porque essa é a melhor forma de “Sim, estarmos bem”.

Inês, Lx. 6.2.2015

*Imagens do Pinterest






Thursday, February 5, 2015

O Pintassilgo




....acabei de ler o livro que me emprestaste: O Pintassilgo - 893 páginas de uma saga empolgante.
O que levou Donna Tartt a escrever esta aventura de Theo Decker que atravessa Nova Iorque do brilho ao lado negro, numa odisseia dos nossos dias?

Comparam Donna Tartt a Charles Dickens - "ia para a escola a perguntar-me como estaria Oliver"- disse ela numa entrevista.
Tal como ela eu pensava: - como estará o Theo?

Este livro é uma viagem sobre o ser humano; o amor, a perda, a arte, a capacidade de resistência e de reinvenção...

Obrigada , Inês.

Até breve

Um pedido |

Um pedido:

Assinem esta petição:

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT75775

A casa onde viveu e morreu o poeta Antonio Nobre, no Porto, está na iminência de ruir.
A derrocada está à vista de todos.
Vamos impedir isso?
Ou permitimos que o nosso património, as nossas memórias se desfaçam em cascalho?

Até breve.

Sunday, February 1, 2015

Fevereiro


Chegou Fevereiro. Dia um. Mês segundo deste ano que começa, pouco a pouco, a deixar de ser novo.
Olho para este mês que passou. Alguns momentos menos bons, mas tudo assente numa tranquilidade que prevalece. Ela cresce bem e forte, temos a nossa rotina calma, a nossa casa que se tornou no meu campo de batalha, o rio que nos acompanha.

Fevereiro. Vais ser um mês de preparação. Vais ser rápido.

Preparamo-nos para mais uma viagem, mais um retorno. Neste momento temos duas casas às quais retornar. Passaram-se seis meses e sinto que ainda foi ontem que chegamos de malas feitas, bebé no colo e de peito cheio. Passaram-se seis meses e ela ainda não tem um ano de vida, ideia que torna a questão do tempo bastante confusa e relativa.

Passaram-se seis meses e voltamos. Deixamos uma casa para ir para outra. Vamos para um lugar um pouco mais incerto, o nosso trabalho lá é algo que estamos a construir, ainda sem bases sólidas, pelo qual temos que lutar, construir a dois, agora a três. Vamos ter encontrar um novo equilíbrio, uma nova rotina. Eu só quero conseguir mantê-la assim, tão feliz e tão bem com a vida.

Fevereiro, que me permitas arrumar a cabeça. Que me permitas organizar a nossa casa. Que me dês força para não fraquejar perante o medo de deixar casa, família, Lisboa. Que me devolvas a minha tranquilidade e, principalmente, a minha tolerância.

Fevereiro, que me faças sonhar e ter os pés assentes na terra.

Fevereiro, bem vindo.

Lx., 1 de Fevereiro, 2015.
Inês


*Imagem tirada do Pinterest.